10.1.06

e para não restar dúvidas...

Algures num comentário perguntaram-me qual destes enunciados está conforme a sintaxe do português:

"...e para não restar dúvidas..."
"...e para não restarem dúvidas..."

Trata-se de uma oração subordinada adverbial final, segundo a nova terminologia linguística. Adverbial pois comporta-se como um advérbio. A gramática generativa chama-as de obliquos. Acontece que a oração em causa é uma oração infinitiva, apresentando o verbo no infinito flexionado (infinitivo pessoal) num caso e não flexionado noutro (infinitivo impessoal). Ora, estas orações são chamadas de infinitivas reduzidas ou, na nomenclatura inglesa, small clauses. Assim, esta oração seria algo como:

"... e para que não restem dúvidas..."

Ora, sabemos que o português é uma língua de tipo SVO, isto é, o (S)ujeito tendencialmente surge antes do (V)erbo.

Na oração em questão, isso não acontece. O sujeito, "dúvidas", surge depois do verbo. Importa agora fazer a concordância entre o sujeito e o verbo. O sujeito está no plural, logo a pessoa verbal tem que estar no plural. Assim:

"e para não restar dúvidas" é agramatical pois o verbo não concorda em número com o sujeito.

Assim, e para que não restem dúvidas, a oração gramatical é: "e para não restarem dúvidas".

28.12.05

Na TAP o Sr. Benvindo recebe-nos a bordo....

No site da TAP pode ler-se : "Benvindo a Bordo!". Parece que as hospedeiras foram despedidas e que agora é o Sr. Benvindo que nos recebe nos aviões. Ou será que quem fez esta página não sabe distinguir "bem-vindo" de "Benvindo" ?

Actualização: O uso impróprio da palavra em questão já foi corrigido. Assim, este artigo já não faz sentido. Fica o registo, no entanto, para quem quer que se preocupe com estas coisas mesquinhas (para uns) ou interessantes (para outros).